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Livro mostra que Brasil tem condições de liderar economia verde


Beto Seabra - 05/01/23





Na mesma semana em que eu terminava de ler o livro Brasil: paraíso restaurável, de Jorge Caldeira, Julia Marisa Sekula e Luana Schabib, o presidente Lula anunciava o nome de Marina Silva para o Ministério do Meio Ambiente e do Clima (este novo nome eu soube ontem, ao ouvir o discurso de posse da ministra). Não foi apenas uma coincidência. Há meses venho me inteirando sobre o tema das energias renováveis e alternativas, por conta de um projeto pessoal, e o livro liderado por Caldeira serviu não apenas para confirmar algumas ideias que venho amadurecendo, mas também para me mostrar que o País pode viver a partir de 2023, com as posses de Lula e Marina, um daqueles momentos em que a história se confunde com o presente e a sociedade começa a caminhar a passos rápidos para o futuro sempre desejado e nunca alcançado.


O livro de Caldeira, Sekula e Schabib não é uma obra técnica, mas também não alcança o patamar de um ensaio interpretativo sobre o País, a partir do tema geral do meio ambiente. Brasil: paraíso restaurável é daquelas sacadas que juntam boas ideias, pesquisa séria e oportunidade de ouro para fazer uma obra que poderá ajudar todas as pessoas que queiram dar um salto de visão nos próximos anos, incluindo aí desde pessoas comuns portadoras de CPFs até grandes empresários e lideranças políticas (do prefeito de um pequeno município ao presidente da República).


A tese geral do livro é simples e brilhante: o Brasil pode se tornar nos próximos anos o ‘país do futuro’, ou seja, uma potência mundial importante, rica e equilibrada social e economicamente, caso concentre as forças para a sua vocação histórica, que é a de ser fonte de grande riqueza econômica, a partir do seu patrimônio natural. Ao invés de simplesmente fazer como fez no passado e usar o seu território e a sua gente para produzir mercadorias e commodities, prática que ao longo de cinco séculos enriqueceu uma minoria e ameaça exaurir o nosso meio ambiente, o Brasil pode e deve com urgência aproveitar a onda da economia limpa e da crise ambiental escancarada pela pandemia da Covid-19 para se colocar na liderança desse novo mercado.


Uma rápida explicação sobre a capa do livro talvez ajude a entender melhor essa tese. Veja que no mapa desenhado o Brasil aparece, comparativamente, muito maior do que a Europa ou os Estados Unidos, continente e país que comandaram a economia do mundo nos últimos séculos, mas que também são hoje os territórios mais desprovidos de patrimônios naturais. O Brasil por sua vez, assim como a África, aparece como uma potência verde. Isso quer dizer, segundo a tese defendida pelos autores do livro, que a economia nas próximas décadas irá se mover de acordo com esse mapa.


Segundo os autores, governos e empresas dispõem hoje de cerca de U$ 30 trilhões de dólares para investir em projetos da chamada economia limpa. E o Brasil tem a melhor situação do mundo para entrar nesse mercado, pois a nossa matriz energética é a mais limpa e temos as maiores florestas naturais.


O livro faz uma rápida viagem ao passado da nossa história econômica para mostrar porque o momento é único para o País. No século XIX o Brasil tinha um limite: ele praticamente não possuía carvão mineral. E sem carvão você não conseguia produzir nada. Agora nós não temos mais esse limite e ainda temos as melhores condições naturais do mundo para se desenvolver: possuímos a maior floresta do mundo e somos a maior fonte de energia renovável (somando as matrizes hídrica, solar, eólica e biomassa).


O nosso problema hoje (o livro foi escrito em 2020) é que nós não estamos enxergando o nosso potencial. “Nos últimos 15 anos o Brasil construiu (o equivalente a) uma Itaipu de energia eólica. Mas isso foi feito sem muito planejamento, basicamente por interesse do setor privado”, disse Caldeira, em entrevista logo após o lançamento do livro.


Caldeira disse que em 2019 foram destinados U$ 280 bilhões de dólares para a preservação de florestas no mundo. “É mais do que as exportações do Brasil. E o Brasil que tem a maior reserva florestal do mundo poderia tranquilamente receber 40, 50 bilhões de dólares por ano só para preservar florestas. O Brasil está chutando dinheiro”, disse.


Para ele, falta um novo projeto de nação. E por falta desse projeto podemos não virar uma das principais potências nessa nova economia limpa. Um dos capítulos do livro se chama: queimar floresta é queimar dinheiro. E afinal não foi isso que o Brasil fez nos últimos quatro anos?


Quem sabe com Lula e Marina juntos, outra vez, o Brasil possa inverter esse processo para tornar-se um dos líderes dessa nova economia e restaurar aquele lugar imaginado pelos índios Tupi-Guarani (a Terra Sem Mal) ou o Paraíso bíblico onde a natureza convive em perfeita harmonia com o ser humano? Teremos os próximos 4 anos para tentar esse salto.



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