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As brisas de maio em Bsb/DF

Beto Seabra - 30/05/2023



Foto de Renato Araújo/Agência Brasília, Floresta Nacional e o Plano Piloto ao fundo



Se perguntarem a um carioca qual o melhor período para visitar a cidade, certamente responderão: em qualquer estação aqui é bom. A mesma pergunta feita aos recifenses e fortalezences, também orgulhosos de suas cidades, talvez a resposta seja a mesma. Os belo-horizontinos responderão: qualquer época, mas sem chuva é melhor. Os gaúchos dirão sobre Porto Alegre: evitem o verão. Agora pergunte a qualquer brasiliense, ou candango, para ser menos preciso, qual a melhor época do ano para estar em Brasília e eles e elas se dividirão em dois grupos: os amantes da chuva e os saudosos da seca.


O primeiro grupo dirá que novembro ou dezembro serão sempre os melhores meses para vir à capital, em razão do verde da cidade e do clima ameno, causados pela chegada das águas. O segundo grupo dirá que o período da seca é o melhor, pois qualquer programa que se queira fazer é possível, de preferência ao ar livre. Eu concordo com os dois, pois vejo vantagens e desvantagens nos dois períodos, mas já elegi o melhor mês para estar ou visitar Brasília: maio.


Se no Hemisfério Norte maio significa primavera, e portanto flores e um clima equidistante entre o verão abrasador e o inverno gelado, por aqui no Hemisfério Sul maio é o mês auge do outono, esta estação pouco compreendida e muitas vezes até desprezada pelas pessoas. Mas eu adoro o outono em Brasília, que este ano começou em 20 de março e segue até 21 de junho, quando começa o inverno.


A verdade é que em Bsb/DF faz pouco frio no inverno, que é na verdade o período mais seco e quente do ano. Aquele friozinho gostoso, levemente aquecido pelo sol, e quase sem perigo de chuvas, sempre acontece em maio. E para melhorar, também é sempre em maio que chega por aqui uma brisa suave, vinda não sei de onde, pois o mar mais próximo está a mais de mil quilômetros de distância. Aposto que vem da Amazônia, mas não tenho certeza. E maio, por ser o início da seca, ainda pega uma cidade verde e florida.


Poesia cerratense


Domingo passado fui ao viveiro Pau Brasília para ver um stand up literário apresentado pelo poeta cerratense Nicolas Behr. Com informação, poesia e humor em doses certas, o evento acontece com janelas que se abrem para o amplo jardim/floresta do lugar. No meio do stand up, fomos surpreendidos por uma arara canindé, que com estridência passou voando pelo lugar e foi pousar em uma palmeira para fazer seu lanche da tarde.


E aqui paro e faço uma pergunta. Em que outra grande cidade do Brasil ou do mundo temos tudo isso? Me refiro à natureza, claro, mas também especificamente à brisa que substitui o ar condicionado e dispensa o ventilador. Ao pôr do sol de Brasília, que consegue sempre nos surpreender e nos recebeu na saída do viveiro com um céu extraordinário. E ao próprio stand up do Nicolas Behr, um show "caça niki", como ele mesmo jocosamente apelidou, e que deixa a plateia com a certeza de viver em um dos melhores lugares do mundo. Afinal, Brasília é um projeto que deu certo, apesar dos muitos problemas e dos maus políticos que tentam a todo momento desmontar o plano traçado por Lúcio Costa, Niemeyer, JK e tantos outros e outras.


Qual outro 'projeto de cidade' ou mesmo cidade conseguiu, poucas décadas depois de iniciado, ser o maior sítio urbano tombado do mundo? Qual outro lugar consegue ser ao mesmo tempo metrópole e província? Metrópole pelo conforto de qualquer outra grande cidade. Província pela (quase) ausência de poluição e pletora (sempre quis usar esta palavra!) de espaços verdes. Em qual outro lugar do mundo existem superquadras, e que funcionam?!?!


Finalizo com o poema Brasilírico, que está no livro Brasilíada, do Nicolas Behr.


por onde vou

levo brasília comigo

(o peso da culpa)


sou um candango errante


amarro superquadras

às costas

arrasto blocos

meus eixos são espirais


eu – lesma na cidade-autorama







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