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Livro faz relato minucioso e verdadeiro sobre morte de diplomata


Roberto Seabra - 15/09/2017


Assassinato, suicídio ou suicídio forjado? Onde está a verdade? No dia 4 de agosto de 1970 o diplomata brasileiro Paulo Dionísio de Vasconcelos apareceu morto dentro do seu carro, em Haia, na Holanda, onde trabalhava e morava com a família: a mulher Maria Coeli (grávida de oito meses) e a filha Manoela, de apenas dois anos.

A segunda possibilidade pareceu absurda para familiares e amigos. Mas não para a polícia holandesa e o Ministério das Relações Exteriores do Brasil. Em menos de 24 horas as investigações apontaram para a ausência de indícios de assassinato e o suicídio foi apontado como única possiblidade para a morte do diplomata.

45 anos depois, o jornalista Eumano Silva decidiu investigar o caso. Os dois anos de trabalho resultaram no livro “A morte do diplomata: um mistério arquivado pela ditadura.” O livro-reportagem traz, em 205 páginas, um relato minucioso e verdadeiro sobre o desaparecimento de Paulo Dionísio. Como escreve José Salomão David Amorim no prefácio, o livro de Eumano Silva tem “uma postura de respeito intransigente pelos fatos”.

Além de recorrer a entrevistas com familiares e colegas de Paulo Dionísio, Eumano Silva teve acesso aos diários do diplomata. Também vasculhou documentos oficiais, encontrou relatos secretos do governo militar e garimpou informações em jornais do Brasil e da Europa. O resultado final é um mosaico de fatos e opiniões, habilmente costurado pelo jornalista, de forma a prender o leitor até a última página.

O livro não tem a pretensão de dar a palavra final sobre a morte de Paulo Dionísio. Coloca todas as cartas na mesa e faz o leitor pensar. Investiga o mistério de algumas cartas recebidas pelo diplomata semanas antes de aparecer morto, e que nunca mereceram a atenção da polícia ou do Itamaraty. Compara informações e depoimentos para mostrar que faltou empenho dos dois governos (Brasil e Holanda) na elucidação do mistério.

As sombras deixadas pelos 21 anos da ditadura civil-militar que comandou o Brasil entre 1964 e 1985 continuam maculando a nossa história. Centenas de mortes e desaparecimentos de pessoas que faziam oposição ao governo, ou apenas não concordavam com os métodos utilizados, restam sem explicação. O livro de Eumano Silva ajuda a clarear esse ambiente que ainda sufoca nosso projeto de democracia.

Serviço:

A morte do diplomata: um mistério arquivado pela ditadura

De Eumano Silva

205 páginas

Tema Editorial

Pode ser encontrado na Banca da Conceição (SQS 308).

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