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Uma visão de engenheiro para acabar com o garimpo ilegal




Garimpeiro usa um maçarico oxi-acetilênico para obter ouro da amálgama, fazendo evaporar o mercúrio na natureza


Mauro Lando - 01/12/21


Em 1943 a Guerra na Europa comendo solto e a Alemanha ganhando, um brilhante engenheiro aeronáutico, Barners Wallis propôs ao alto comando da aeronáutica “uma solução de engenheiro para ajudar a vencer a guerra”. Na época, toda a produção de aço da Alemanha se concentrava no vale do Ruhr.. A ideia, aprovada pelo alto comando, foi construir uma bomba de formato esférico que seria jogada de um avião nas represas dos rios Möhne, Eder and Sorpe , afluentes do Ruhr. As bombas iriam “quicando” ao longo da superfície da água e atingiriam as paredes das represas, inutilizando sua geração hidroelétrica e cortando a água para as siderúrgicas.


Depois de vários testes ultrassecretos em lagos na Escócia, finalmente se chegou a um formato e velocidade ideal do avião. A operação, que recebeu o nome código de “Chastise” (em inglês “punição”) ocorreu em 17 de Maio, 1943 . As barragens nos rios Möhne e Edersee foram rompidas, causando inundações catastróficas do vale do Ruhr e de aldeias no vale do Eder; . Duas usinas hidrelétricas foram destruídas e várias outras danificadas. A produção de aço caiu a 25% do que era antes. Fábricas e minas também foram danificadas e destruídas. Cerca de 1.600 civis - alemães e trabalhadores forçados, principalmente soviéticos - morreram. A produção não voltou ao normal até setembro. A RAF perdeu 53 tripulantes mortos e 3 capturados, com 8 aeronaves destruídas.


Devido ao grande porcentual de baixas entre os pilotos, com 25% dos aviões abatidos pela defesa anti-aérea, a ideia foi então abandonada.


Trinta e seis anos mais tarde, Albert Speer, ministro de armamentos do regime nazista, confessou em suas memórias que "Naquela noite, empregando apenas alguns bombardeiros, os britânicos chegaram perto de um sucesso que teria sido maior do que qualquer coisa que haviam alcançado até então com milhares de bombardeiros."


A estas alturas o leitor está se perguntando: o que isso tem a ver com o garimpo? Vamos lá: para obter uns poucos gramas de ouro os garimpeiros usam grande quantidade de mercúrio – o qual, usado artesanalmente na separação do ouro se volatiliza, e é respirado pelo garimpeiro originando, em adultos, perda de função cognitiva e outros danos ao sistema nervoso central.


O mercúrio, volatilizado no processo de extração do ouro, depois se condensa e vai se dispersar no rio Madeira, envenenando os peixes, que serão comidos pelas populações ribeirinhas e pelos índios, causando deformações fetais conhecidas como “O mal de Minamata”. – nome de uma pequena cidade portuária no Japão onde primeiro se identificou a doença, e que deu nome à convenção internacional que proíbe o uso de mercúrio em mineração.

Agora eu pergunto: de toda a tinta que já correu na imprensa sobre o garimpo ilegal na Amazônia alguém já ouviu falar de a polícia ou o Ibama tentarem controlar a venda de mercúrio?


E será que os garimpeiros ao abandonarem as mais de cem balsas incendiadas esta semana lembraram de levar consigo seu mercúrio? Ou ficou também para os peixes e ribeirinhos?

 

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