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Das praias de Aracaju ao sertão sergipano

  • Foto do escritor: Manoel Roberto Seabra Pereira
    Manoel Roberto Seabra Pereira
  • 4 de out.
  • 3 min de leitura

Beto Seabra 04/10/25



Praia de Atalaia, em Sergipe, com suas dunas impressionantes. Foto de Beto Seabra
Praia de Atalaia, em Sergipe, com suas dunas impressionantes. Foto de Beto Seabra

É a capital do menor estado do país, tem praias incríveis, povo acolhedor e fica equidistante de Recife e Salvador, dois grandes centros culturais do Brasil. E, para completar, é próxima do belo litoral de Alagoas. Sim, estamos falando de Aracaju, uma das poucas capitais do Brasil que eu ainda não conhecia – continuo sem conhecer seis delas.


A sigla de Sergipe, como todos sabem, é SE. Pois lá ela virou a partícula “SE”, transformando em verbo a menção sobre a naturalidade do local: Aracaju-SE!, estampam os sergipanos nas ruas. Pois eu me aracajuzei sim, em apenas cinco dias. Povo de fala mansa e pouca correria, mas muita valentia, os sergipanos parecem pertencer ainda à estirpe do cacique Serigy, aquele que, segundo a lenda, enfrentou os portugueses para tentar impedir a dominação. Foi derrotado, mas só depois que Portugal enviou uma esquadra gigantesca e muito bem armada.


Mas estamos no século 21 e o que se vê na linha do horizonte do mar sergipano não são caravelas e sim plataformas de petróleo, produto que rende bastante dinheiro ao pequeno estado do Nordeste. Quer dizer que o povo de lá vive de brisa? Até poderia, mas ainda assim prefere trabalhar duro. Sergipe tem uma importante bacia leiteira e, dizem, produz laticínios tão bons quanto os de Minas Gerais. Vi isso ao passar pelo município de Glória, em pleno sertão sergipano, com suas fazendas e sítios repletos de vaquinhas e uma forte indústria de leite e derivados.


E o que dizer de Itabaiana? Em 2014, no governo da mineira Dilma Rousseff, a cidade do agreste sergipano foi elevada à categoria de Capital Nacional do Caminhão. E atravessando a cidade reparei que em cada rua tem pelo menos uma carreta, quase sempre vermelha. A guia turística então explicou. Quando os jovens de Itabaiana completam 18 anos, a família compra um caminhão para o mancebo trabalhar. Será que o mesmo acontece com as filhas? Espero que sim. E a preferência pelo vermelho explica-se pela beleza da cor quando aplicada a qualquer veículo. Os caminhões são as ferraris sergipanas.


Outra coisa. Quase toda casa em Itabaiana tem dois pavimentos. A família mora no primeiro andar e o térreo é reservado para o caminhão da família. Impressionante isso.


Mas deixemos o litoral e o agreste e caminhemos em direção ao sertão, que em Sergipe fica perto. Em apenas três horas de viagem é possível ver a Caatinga com seus cactos: a palma, o mandacaru, o cabeça-de-frade e o xique-xique. E eis que de repente surge o Velho Chico. Antes de desaguar no Oceano Atlântico, o rio São Francisco percorre o sertão do Nordeste e leva água e energia para boa parte da região. E estando por lá, não tem como deixar de conhecer os belos cânions de Xingó, a usina hidrelétrica construída entre 1987 e 1994.



Cânion do São Francisco. Lugar de parada para o banho seguro no rio.
Cânion do São Francisco. Lugar de parada para o banho seguro no rio.

Na volta para Aracaju, uma surpresa. Passeando pela beira-mar descobri praias lindas, com dunas que protegem o mar da sanha imobiliária. A cidade não tem, ainda, aquelas fileiras de arranha-céus que fazem sombra aos banhistas e invadem a preamar. Lá tem tanta areia que, segundo um simpático garçom que nos atendeu em uma das barracas na praia de Aruanã, é preciso pedir um Uber para chegar ao mar.


Exageros à parte, Aracaju é simples, organizada e bela. E as praias são verdadeiros santuários da vida selvagem. Com um pouco de sorte, é possível ver nas praias da cidade tartaruguinhas e pequenos caranguejos.


E para finalizar o nosso passeio, uma nota pessoal. Minha esposa Rosana tentou contato com Anunciada, amiga da mãe dela, Josefa, e que morou em Brasília até os anos 1990 e depois voltou para Sergipe. Para a nossa surpresa, Anunciada não só atendeu a chamada pelo zap como informou que estava de saída para visitar a mãe no hospital. Como assim, sua mãe ainda é viva? perguntou Rosana com surpresa. Sim, a mãe de Anunciada tem 105 anos e passou mal, mas melhorou e deve estar de volta ao lar.


Fomos ao hospital para encontrar essa mulher de quem se falava tanto em Brasília, e cujo nome é mais que o particípio do verbo anunciar. “Eu sou o que meu nome diz: eu anuncio, e só coisas boas, não tem tempo ruim pra mim”, completou ela após um abraço de despedida. E disse isso após relatar toda uma vida dura e dedicada a criar os filhos de forma solitária.


Anunciada e Aracaju deixaram só ótimas impressões nas minhas retinas fatigadas de viajante.

.........

Nas próximas semanas irei falar de Alagoas e Pernambuco, estados por onde passei nas viagens de ida e de volta.

 
 
 

1 comentário


Christian Morais
Christian Morais
04 de out.

Aracaju foi uma ótima surpresa quando a escolhi como destino de férias, em 2014, num esforço turístico para fechar o círculo de capitais do Nordeste - conheci quase todas,. à exceção de Teresina, mas eu ainda chego lá. Fiquei hospedado num hotel na Praia do Atalaia, a principal da cidade. Mas fiz um passeio incrível até uma praia deserta, cujo nome não me recordo agora, que tinha esse imenso areal citado pelo Beto (e nenhum uber por perto!) e um mar de água morna e ondas suaves. Se o bugre que me levou até lá não tivesse retornado para me buscar, estaria lá até hoje. Xingó e o Canion do São Francisco são deslumbrantes. O encontro com o velho rio…

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