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Árvores do cerrado

Roberto Seabra - 21/07/2018


Angelim, embaúba, jacarandá, peroba, paineira e guabiroba. Cito apenas seis, cujos nomes me lembro de cor, mas o livro que estou folheando é um guia sobre mais de cem árvores do cerrado e das matas de galeria. Na verdade é um guia de campo, escrito pelos dendrólogos Manoel Cláudio da Silva Júnior e Benedito Alísio da Silva Pereira. Sim, para quem não sabe, e eu não sabia até começar a ler o livro de Manoel e Benedito, dendrologia é o ramo da botânica dedicado ao estudo das árvores.

Mas por que estou tratando disso neste espaço, mais afeito aos temas urbanos? Em primeiro lugar porque sempre que posso, ou lembro, faço questão de demonstrar meu amor às árvores. Segundo, porque tropecei com o livro quando não o buscava, e isso é sempre motivo de homenagens para mim. Além do mais, tenho em um dos meus sobrenomes uma referência arbórea – meu nome completo é Manoel Roberto Seabra Pereira – uma árvore pouco conhecida no Brasil e cultivada apenas nas regiões mais frias.

Ao ler o livro, fiquei impressionado com a riqueza vegetal da nossa região. Cresci ouvindo dizer que o cerrado não prestava para nada, que era uma vegetação tão ruim que nem o fogo consegue matar. Na minha infância, a palavra cerrado tinha sempre uma conotação negativa: era o lugar onde tarados e os outros malfeitores se escondiam; eram árvores tortas e sem graça, que mal davam sombra e frutos.

Eu menino já desconfiava desse preconceito. Minha infância foi alimentada pelos pés de cagaita - uma frutinha saborosa, mas que comida em excesso provocava dor de barriga - pelos cajuzinhos do cerrado e pelas pitangas do mato. As árvores do cerrado também eram ótimas para subir, pois seus galhos retorcidos ajudavam na escalada. Nunca gostei de caçar, mas tinha amigos que eram bons no estilingue e sempre voltavam do cerrado com codornas do mato, que comíamos com farofa.

E a poucos quilômetros da minha quadra, na Asa Norte, em um percurso que fazíamos a pé, pois o cerrado sempre foi uma mata de fácil acesso, havia olhos d’água e lagoas limpíssimas para tomar banho e nadar. Então o cerrado foi, na verdade, meu paraíso da infância.

Talvez por isso tenha gostado tanto de ler o livro sobre árvores do cerrado. É um livro técnico, enfatizo, mas que traz muitas informações úteis para quem quer conhecer e ajudar a proteger um dos biomas mais importantes do Brasil, e que ainda guarda muitos segredos.

Serviço:

Título: Mais 100 Árvores do Cerrado – Matas Galeria: guia de campo

Autores: Manoel Cláudio da Silva Junior e Benedito Alísio da Silva Pereira

Ano de Publicação: 2009

Editora: Rede de Sementes do Cerrado

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